Crónicas de um Panteísta — Ep. 4
Dicas para uma gestão ecológica da paisagem
A única coisa permanente na vida é a sua perpétua mudança.
Não vai ser fácil para ti, se quiseres fazer carreira na regeneração e restauro de ecossistemas.
Se fosse fácil, não te traria valor — e é por ser difícil que fará de ti a mudança que desejas ver no mundo.
Uma vez dominando o método da perpétua evolução dos ecossistemas, baseado na compreensão da dinâmica dos cinco elementos (ler o episódio 2 destas crónicas), perceberás que a parte mais simples deste trabalho é a regeneração propriamente dita.
A Natureza sabe muito melhor do que tu, eu ou qualquer cientista ou sábio, como tomar conta de si.
A dinâmica dos ecossistemas é como um caldeirão de magia, que faz o trabalho todo sozinho, se lá dentro colocares os ingredientes certos.
Não será a Natureza o teu maior desafio — será a humanidade que tentas servir no seu propósito inadiável e indispensável à nossa sobrevivência: conciliar a sua atividade com a atividade natural.
Uma árvore dará o seu melhor.
Um animal dará o seu melhor.
Um fungo e uma bactéria darão o seu melhor.
O ser humano… fará de tudo para realçar o teu pior, sempre que o teu melhor espelhe o que ele próprio poderia ter sido e não foi.
Há quem se inspire — são poucos.
Há quem se roa, se indigne, se exalte, se exaspere… sempre que o teu trabalho servir melhor do que o dele.
Essa inveja é especialmente forte e relevante na ciência.
Galileu, Copérnico, Darwin, Newton, Carl Sagan — muitos pagaram com as suas carreiras, ou mesmo com a vida, o facto de terem descoberto ou feito o que os seus pares gostariam de ter feito primeiro.
Essa inveja, associada à corrupção de alguns investigadores, gerou o movimento global dos “conspiracionistas”, alimentado por uma realidade difícil de negar: a compra de factos científicos por indústrias que encomendam estudos para aumentar vendas.
A indústria alimentar, a farmacêutica e a agroquímica, principalmente, têm alimentado uma histórica e legítima desconfiança, que na era da (des)informação deu origem a fenómenos de aldrabice viralizada em milhões de partilhas.
Até hoje, não houve um verdadeiro mea culpa das academias, num corporativismo suicida e autofágico, que está a arrastar a reputação da ciência para a sarjeta.
É uma pena. E uma perda de tempo.
Enquanto se discute, mais um bandido rebenta com uma floresta pristina, mais um parque solar é licenciado à custa de milhares de sobreiros abatidos, mais um químico duvidoso chega ao mercado — mais um produto que não é o que parece.
Do tabaco que fazia bem até a médicos, aos CDs que não riscavam, aos tupperwares eternos, ao teflon seguro, aos biberões inofensivos, ao medicamento retirado do mercado…
Demasiadas coisas que a ciência jurou ter testado, mas que fizeram — e continuam a fazer — mal.
Porque nenhum político quer arriscar tirar do mercado o que o pode tirar do cargo.
Na Natureza é tudo mais simples.
Funciona em perpétua mudança, com cada agente a dar o máximo e o seu melhor.
É simples demais.
Se fores como um bicho — com a ética de uma formiga, a astúcia de uma raposa, a resiliência de um castor, a coragem de um urso, a comunicação de um golfinho, a genica de um furão… tudo te correrá bem.
Quanto às pessoas?
Não sei.
Nem tenho grandes conselhos, excepto o silêncio.
Nada evita mais chatices do que permanecer calado.
No final do dia, farás o que acreditas, sem dar grandes satisfações.
E serás feliz.
Porque, como um bicho, saberás o que te move, o que te traz aqui e qual o teu devir.
Servir os outros que vivem neste ecossistema que a todos nos sustém…
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