Sucessão Natural de Canaviais: Um Novo Caminho para a Recuperação das Galerias Ripárias
Uma estratégia replicável em qualquer município!
João Cortes Oliveira – Mushmore Coop, CRL
Coordenação científica: CEF – Instituto Superior de Agronomia
Case Study 13 – Projeto Europeu MERLIN
🔗 merlin-project.eu
Introdução
A espécie invasora Arundo donax compromete a funcionalidade ecológica das galerias ripárias. Este trabalho apresenta um protocolo de restauro baseado na sucessão natural por plantas nativas, desenvolvido no âmbito do projeto MERLIN (Living Lab Sorraia), como estratégia eficaz para substituir de forma definitiva esta invasora por comunidades autóctones resilientes.
Objetivos
Criar um protocolo eficaz e de custos controlados para a substituição definitiva de canaviais por plantas nativas em margens de rios e ribeiras.
Contribuir para uma mudança de paradigma: da “erradicação” para a “renaturalização”, baseada em processos naturais e engenharia ecológica.
Sensibilizar para o facto de que as invasoras ocupam o vazio deixado pela desflorestação — manter vegetação nativa é prevenir futuras invasões.
Demonstrar o potencial de replicação desta abordagem no setor público, com benefícios ecológicos e económicos mensuráveis.
Metodologia
Corte sucessivo do canavial (verão)
Estabilização das margens com biomassa sobrante (verão)
Sementeira direta de cereais + micorrizas (outono)
Estacaria de estabilização com Salix (outono/inverno)
Acompanhamento visual e fotográfico contínuo
Resultados Preliminares
🪓 Corte sucessivo → Redução acentuada do rebrote de Arundo donax após 3 intervenções no verão.
🌾 Sementeira micorrizada → Cobertura herbácea eficaz com misturas de cereais de outono.
🌱 Recolonização espontânea → Emergência de nativas como Rubus, Phragmites, Salix e Populus.
🌿 Estacaria de Salix → Sobrevivência >70%; sinais de fusão radicular entre estacas.
🌊 Resiliência a cheias → Zonas intervencionadas com maior estabilidade do que áreas com enrocamentos.
Conclusão
A sucessão natural, aliada a técnicas de engenharia ecológica e gestão adaptativa, demonstrou ser uma alternativa eficaz e acessível para restaurar margens invadidas por Arundo donax. A estratégia permitiu reduzir drasticamente o rebrote invasor, promover a emergência espontânea de nativas e estabilizar solos com soluções baseadas na natureza.
Este protocolo é escalável e replicável, oferecendo uma solução concreta para municípios e entidades gestoras substituírem canaviais por ecossistemas funcionais e biodiversos.
“Quem quer erradicar, terá de voltar. Resolver é renaturalizar.”
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