Como compreender e gerir um pedaço de terra, uma vida inteira, sem tirar um curso superior. O poder da filosofia panteísta na compreensão da realidade ecológica.
Crónicas panteístas. Ep. 2 – Da compreensão do ecossistema que a tod@s nos sustém.
Para mim, o maior desafio de servir o ecossistema que a tod@s nos sustém tem sido encontrar a melhor grelha de compreensão possível do seu terreno, para quem nunca estudou Biologia ou Ecologia.
São os seres humanos os maiores modificadores dos ecossistemas e, mesmo as alterações climáticas, tudo indica surgirem no sentido de uma resposta natural do planeta ao comportamento parasitário que a humanidade decidiu ter em relação à gestão dos recursos naturais ao seu dispor.
Neste sentido, ser panteísta ajuda, e muito. Poder aceitar este parasitismo humano como um comportamento animal de um bicho sem outro predador para além da própria consciência ética é o primeiro passo para se ter cabeça fria e uma capacidade de análise racional, fundamental para alcançar as melhores decisões.
As decisões são coisas que temos de tomar para alcançar determinado propósito na gestão das nossas prioridades rurais:
Quero hortícolas, tenho de decidir-me a produzir uma horta, começar o processo no final do inverno e continuar com consistência até meados do outono.
Quero pastos onde há matos e silvas, tenho de cortar nas primeiras chuvas do outono e semear no mesmo dia o cereal que ocupará o espaço dos matos e me criará condições para, no ano seguinte, finalmente instalar o meu prado.
Quero uma floresta, posso simplesmente salvar as árvores de regeneração natural, roçando em volta e podando com regularidade nos momentos certos. Ou posso plantar e semear um conjunto de espécies que façam sentido para o meu propósito, por exemplo, uma floresta comestível, com muita resiliência a incêndios. Ou posso fazer ambas: salvar e plantar.
Mas preciso de saber onde plantar, como plantar, quais as espécies que vou escolher, onde as vou colocar, como preparar o solo, como evitar pragas, como evitar e debelar excesso de compactação, poluição, etc.
O que vos posso garantir é que a Biologia, uma ciência da vida, ao contrário das exatas como a Física, a Matemática ou a Astronomia, é uma ciência em permanente mudança. Qualquer hipótese em artigo científico frequentemente só pode ser replicada em condições semelhantes, o que nunca ocorre, exceto num laboratório. O legado de Darwin mudou. Milhares de espécies desde Darwin extinguiram-se, e muitas delas desapareceram porque os seus habitats desapareceram, por ação humana ou mudança climática, ou ambas.
Nenhum ano nos nossos terrenos é igual; se os regenerarmos, as mudanças são ainda mais rápidas, tão rápidas que a ciência ficou estupefacta com a reconquista natural nos tempos do isolamento social da última pandemia.
Temos milhões de hectares de terra natural no nosso país, e somos um país pequeno. Quanto melhor gerirmos estes hectares, mais recursos naturais teremos, mais saúde, mais bem-estar, mais abundância e prosperidade. Quanto pior o façamos, mais deixamos por fazer para as próximas gerações que irão mandar no mundo.
Não podemos todos tirar mestrados em Biologia e, mesmo que o fizéssemos, quase tudo o que podemos lá aprender está já, ou está a caminho de estar, desatualizado.
Por isso estou tão grato à filosofia espiritual do Panteísmo, que abracei em tão tenra idade. Porque me permitiu encontrar uma matriz de onde todos os comportamentos ecológicos emanam e que surge da forma como os elementos se combinam com a Energia, o único elemento omnipresente em todo o universo e que está na base não só da nossa organização social, como do nosso entendimento teológico, daquilo que é o divino em nós, nos outros e em tudo.
Tudo o que descobrimos pertence ao todo. Todas as invenções — Nikola Tesla chamava-lhes revelações — já lá estavam, sempre estiveram à espera que as descobríssemos.
E essas pertencem à humanidade no seu desígnio existencial de saber conviver com o mundo natural que a todos nos sustém…
Votos de uma grande semana de conquistas e revelações!
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